quinta-feira, outubro 05, 2006

Metamorfose nossa de cada dia

Aqui jaz um ser que andava em busca de limites que o cercassem de aparente segurança;
Aqui jaz uma mente outrora formadora de definições que obedeciam seu conforto;
Aqui jaz, em silêncio eterno, aquela que adotava referenciais para sustentar transitórias convicções.
Aquela que, em nome da sistemática pedagogia, foi instigada a separar para melhor proveito das ciências, o certo do errado e o preto do branco, mas pouco foi advertida a perceber a sutileza que diferencia circunstancialmente os opostos.
Pereceu contemplando o mágico encadeamento universal de todas as coisas, que faz idéias adversas se tocarem antagonica e complementariamente.
Ao experimentar uma deliciosa emoção que só de terras inseguras pode germinar, dispôs do seu último suspiro idealista para cumprir seu dever de morrer.

Falo para mim mesma quando digo:
Que descanse em paz!

E assim, vai ficando cada vez menor e distante o indivíduo para aqueles que o observam do chão.


"É chamado espírito livre aquele que pensa de modo diverso do que se esperaria com base em sua procedência, seu meio, sua posição e função, ou com base nas opiniões que predominam em seu tempo. Ele é a exceção, os espíritos cativos são a regra."
NIETZSCHE - Humano, demasiado humano.

Um comentário:

Gabo disse...

A morte é fabulosa musa inspiradora. Seja ela tratada como uma metáfora, um eufemismo (se é que isso é possível e eu acho que sim), uma hipérbole... qualquer mudança é, antes de tudo, um conflito. E se há conflito, há arte. Salve, Nietsche! E Lisa, também.