segunda-feira, novembro 27, 2006

Enquanto isso, pelo mundo...

O Christian e a Vivi partiram ontem, seguem em direção à Nova Zelândia. Graças à rede Wireless do Aeroporto de Buenos Aires conseguimos nos despedir. O casal vai ficar um bom tempo na terra dos hobbits e eu ainda tenho um bom tempo de Brasília pela frente, essa cidade cercada de nada que mais parece um grande Big Brother sem câmeras. Tento me acostumar. Entre uma saudade da cor da estrada e outra do cheiro do mar, ficarei pensando nessas duas pessoas que admiro tanto.

Ele: (em tom de implicância) Se você cansar, te deixo no caminho...
Ela: (desafiando) Duvido que o mundo seja tão grande assim!

sexta-feira, novembro 10, 2006

Emma Bovary c'est moi!

Para falar de Madame Bovary é necessário seguir às sombras da crítica literária, porque minha análise seria tendenciosa à minha leitura personalista e sua consideração dela teria base na celebridade da autoria da obra, e, desta forma, quando eu confessasse que Flaubert chegou a me dar tédio, você me recriminaria instintivamente. Nada mais humano do que a vontade de defender algo que está sendo injuriado.

Mas não estou atacando o escritor ao dizer o que teria sido falta de gosto ter omitido, nem ele me decepcionou pois não costumo esperar o paraíso de um livro. Faço isso com a música que, tal como o orgasmo, resume melhor a atividade.

Não, nada de julgar as voluptuosidades das paixões aqui, minha admiração por essa obra liga-se ao que ela representa: o sepultamento do Romantismo como movimento artístico e filosófico.

E, é nisto que redunda a pergunta: Sendo do próprio autor a frase-título deste Post (que bem cabe na humanidade), não torna-se ele o Romântico suicida? Aquele que personificou seu desejo, exaurir-se no objeto desejado e nos deixou seu castigo de lição?

Bem, o que você precisa saber, ou se dar conta, é que Gustave Flaubert escreveu uma vingança para sua época, e um testamento para as próximas. Para nós, que temos a existência tão atrelada à inconstância das certezas e a carência de autocontrole, fica a noção de autoconsciência como remissão.