O que sucede é que, depois de ver esse filme, o sujeito passa a pensar na sua própria bucket list, e isso me deixou um tanto inquieta.
Sempre pensei que seria uma dessas pessoas com uma lista interminável de coisas à fazer em vida. Mas quando tentei listá-las, descobri que não sabia o que elencar nela.
Lembrei angustiada de um relato de Filosofia Clínica sobre um paciente que planejava suas férias de verão na quente e badalada Califórnia e que, quando o verão chegava, não viajava. Ao invés disso, começava a planejar as férias de inverno em Detroit.
Mas não tenho nada com esse caso, o paciente em questão vivia dos planos, e eu, sem planejar.
A explicação é a de sempre: não penso na morte.
Que triste é não pensar nela, no fim das contas. Andar à existir feito um desponderado Ivan Ilitch. Deixando a vida andar desatenta nos trilhos do acaso e dos descasos.
Além disso, para fazer minha bucket list, descobri que precisava comprometer outras pessoas. Pessoas dispostas à compartilhar meus planos e à partilhar o delas.
Por último, tive que vencer o embaraço de sustentar em público minha teimosia de querer realizar coisas que parecem impossíveis. Afinal, já provei que muitas coisas eram possíveis por conta disso, não é?
Assim, surgiu a lista. E provavelmente meu futuro, que será delineado pelo desejo de riscá-la linha por linha:
1. Voar num balão de ar quente com meu pai sobre a praia de Torres durante o festival de balonismo;
2. Realizar três desejos em um só com minhas sobrinhas, Amanda e Alexandra, no Magic Kingdom do Walt Disney World;
3. Passar meu aniversário de 30 anos no Hawaii, surfando numa Longboard se possível;
4. Ler os 89 títulos que compoem a Comédia Humana, de Balzac;
5. Experimentar todos os vinhos do mundo, ou pelo menos um de cada nacionalidade;
6. Ter um Maine Coon de estimação;
7. Jurar amor eterno, como Tom Sawyer e Becky Thatcher no livro de Mark Twain;
8. Passar um período de férias inteiro na praia com a Lilian, possivelmente em Garopaba;
9. Voltar a dançar;
10. Escrever até o último dia;
11. Passar uma tarde no Central Park e ouvir jazz no Café Carlyle à noite (Gabriel, você ta nessa?);
12. Plantar minhas próprias flores e ter no mínimo 20 tipos diferentes;
13. Acertar, pelo menos, as 14 categorias que mais gosto de uma edição do Oscar (esse ano acertei 11 delas);
14. Ver ao vivo Bob Dylan, Paul MacCartney e Eric Clapton;
15. Fazer guerra de neve com meu(s) filho(s), na Postdamer Platz em Berlim.
3 comentários:
Tô nessa.
Não vi o filme. O texto tocou-me o coração por motivos diferentes.
Já houve momentos da minha vida em que sequer tinha planos para as horas seguintes. E hoje, considero insuficiente um dia de 50 horas.A minha lista vai ser enorme. Este ano é meu ano de realizações. E sonhar mais e mais e realizar mais e mais.
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